A segurança no trânsito é uma responsabilidade compartilhada por todos os usuários das vias. Entre as medidas de proteção mais eficazes, destacam-se o uso do cinto de segurança, o transporte adequado de crianças no banco de trás e a utilização de dispositivos específicos, como cadeirinhas e acessórios para animais de estimação. Esses elementos são fundamentais para reduzir o número de ferimentos graves e mortes em acidentes de trânsito, protegendo todos os ocupantes do veículo, independentemente de sua idade ou espécie.
O cinto de segurança é, sem dúvida, um dos dispositivos mais importantes no contexto da segurança veicular. Desde sua introdução, mostrou-se eficaz na redução de lesões e mortes em acidentes. Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o uso do cinto reduz em até 45% o risco de morte para ocupantes do banco da frente e em até 75% para passageiros no banco traseiro. No Brasil, o uso do cinto é obrigatório para todos os ocupantes do veículo, mas ainda existem lacunas no cumprimento dessa norma, especialmente entre os passageiros do banco traseiro. Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) mostram que apenas 50% dos brasileiros utilizam o cinto no banco traseiro, expondo-se a riscos graves em caso de colisão.
No caso das crianças, a segurança requer medidas ainda mais específicas. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina que crianças de até 10 anos devem ser transportadas exclusivamente no banco de trás, utilizando dispositivos de retenção adequados. De acordo com a legislação brasileira, as crianças devem usar os seguintes dispositivos:
- Bebê conforto ou cadeirinha conversível, obrigatório para crianças de até 1 ano de idade ou com peso de até 13 kg;
- Cadeirinha, obrigatória para crianças acima de 1 ano e até 4 anos, ou com peso entre 9 e 18 kg;
- Assento de elevação, obrigatório para crianças entre 4 e 7 anos e meio, ou com altura de até 1,45 m e peso entre 15 e 36 kg;
- Cinto de segurança, obrigatório para crianças acima de 10 anos ou aquelas com mais de 7 anos e meio que tenham altura superior a 1,45 m.
Esses dispositivos são projetados para oferecer proteção adaptada ao peso e à altura da criança, reduzindo o impacto de colisões. Pesquisas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) indicam que o uso correto de cadeirinhas pode reduzir em até 70% o risco de morte em acidentes. Além disso, campanhas de conscientização têm reforçado a necessidade de verificar regularmente se os dispositivos estão bem instalados e se cumprem os padrões de segurança estabelecidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
O banco traseiro, muitas vezes subestimado, é o local mais seguro para crianças, uma vez que aquelas transportadas no banco da frente estão mais expostas a ferimentos graves em colisões, especialmente em situações que envolvem airbags. Apesar disso, é comum observar condutores negligenciando essa recomendação, colocando em risco a vida dos pequenos.
No país, desde a obrigatoriedade do uso de cadeirinhas em 2008, houve uma redução de 12,5% nos acidentes fatais envolvendo crianças transportadas em veículos. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Paraná constatou que, entre 2017 e 2021, aproximadamente 76% das crianças de até quatro anos utilizavam corretamente o dispositivo de retenção, enquanto cerca de 11% não o utilizavam e mais de 12% faziam uso incorreto do equipamento. Ainda assim, segundo o Data SUS, o tipo de acidente que mais tira a vida de crianças e adolescentes de zero a 14 anos são os acidentes de trânsito, o que ressalta a urgência de ampliar as campanhas educativas e as fiscalizações mais rigorosas.
Outro ponto importante refere-se ao transporte de animais domésticos. Embora sejam parte da família para muitos, os animais nem sempre são transportados de forma segura. A legislação brasileira exige que os animais sejam transportados em caixas, cadeiras especiais ou com o uso de cintos próprios, evitando que fiquem soltos no veículo. Animais sem contenção representam um risco tanto para si mesmos quanto para os ocupantes, podendo distrair o motorista ou ser arremessados em caso de frenagem brusca. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), o transporte inadequado de animais pode levar a multas e aumentar significativamente o risco de acidentes.
Além das exigências legais, é importante destacar que o transporte seguro de animais contribui para o bem-estar do próprio pet, reduzindo o estresse e os impactos causados por frenagens ou curvas acentuadas. Para animais de pequeno porte, as caixas de transporte são ideais, enquanto cães de médio e grande porte podem ser acomodados com cintos específicos ou em compartimentos apropriados, como os oferecidos por veículos utilitários.
A conscientização sobre essas práticas deve começar desde cedo, com a inclusão de temas relacionados à segurança no trânsito em programas educativos voltados para crianças e jovens. Além disso, cabe aos condutores adultos dar o exemplo, utilizando o cinto de segurança e garantindo que todas as normas sejam cumpridas.
A segurança no trânsito é um compromisso que transcende o simples cumprimento das leis. É uma questão de cuidado com a vida. Seja utilizando o cinto de segurança, protegendo as crianças no banco de trás com cadeirinhas ou garantindo que os animais estejam devidamente acomodados, cada medida preventiva tem o potencial de salvar vidas. Por isso, é essencial que condutores e
passageiros adotem essas práticas de forma consciente e responsável, transformando o trânsito em um espaço mais seguro para todos.
Fontes do texto:
https://www.paho.org/pt/topicos/seguranca-no-transito
https://bvsms.saude.gov.br/metade-dos-brasileiros-nao-usa-cinto-de-seguranca-no-banco-de-tras/#:~:text=Estudo%20da%20Associa%C3%A7%C3%A3o%20Brasileira%20de,traseiro%2C%20em%20at%C3%A9%2075%25.
https://abramet.com.br/repo/public/commons/Cinto%20de%20seguran%C3%A7a%20efic%C3%A1cia,%20a%C3%A7%C3%B5es,%20psoicionamento%20e%20recomenda%C3%A7%C3%B5es.pdf
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/_21967b-DC_O_Pediatra_e_a_seguranca_dos_ocupantes_de_veiculos.pdf
http://www.inmetro.gov.br/Consumidor/produtos/cadeirainfantil.pdf
https://abramet.com.br/noticias/diretriz-inedita-no-brasil-orienta-o-transporte-seguro-de-pets-em-veiculos/
https://www.saude.mg.gov.br/termos-de-uso/page/2053-vida-no-transito-2024
https://www.portaldotransito.com.br/noticias/mobilidade-e-tecnologia/seguranca/prf-verifica-aumento-no-numero-de-mortes-entre-criancas-menores-de-sete-anos-e-meio/
https://autoesporte.globo.com/videos/noticia/2019/06/cadeirinha-pode-reduzir-acidentes-em-ate-60percent-veja-diferenca-entre-usar-e-nao-usar.ghtml
